quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Zé Leite ensaia calote de R$ 1,2 milhão e professores entram greve

O prefeito de Barbalha, José Leite Gonçalves Cruz, o Zé Leite (PT), enfrenta apenas a segunda greve dos profissionais da educação em sua gestão. O problema é que desta vez ele deve responder onde colocou o dinheiro depositado a mais, que o previsto, nos cofres da educação do município, pelo Fundo de Manutenção e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB).

Pelo menos, essa foi à linha de pensamento da maioria dos 370 professores presentes ao Salão Paroquial da Igreja Matriz de Barbalha, na última quinta-feira (04), ao deflagrarem, em Assembleia geral, a greve que busca garantir o repasse do recurso para os profissionais do magistério.

Depois de uma tentativa na terça-feira (02), a Assembleia remarcada em primeira chamada para as 9 horas, da quinta-feira, acabou acontecendo por volta das 11h30 com quórum acima do mínimo de 50% mais 1. Pelo número de filiados ao Sindicato dos Servidores Públicos Municipal de Barbalha (Sindmub), eram precisos 360 votos e compareceram 370 profissionais. Todos foram a favor da paralisação.

Como principal reivindicação, os professores pedem o repasse do reajuste garantido pela consolidação de abril de 2014, onde ficou definido o percentual de 22,5% nos valores do Fundeb. Lembrando que o reajuste de 8,32% dado pelo prefeito em março, retroativo a janeiro, com base na previsão do Fundeb, os professores observam que a diferença entre o reajuste de março e a consolidação de abril, existe uma diferença de 14,27%.

Segundo o senso de 2013, que serviu para base de calculo, Barbalha tem 10.301 alunos na rede pública municipal, o que, estimou um repasse de R$ 1.151.323,25, mensal. O valor entre a estimativa e o depositado nos cofres da prefeitura é superior aos R$ 160 mil mensais. Até dezembro quando serão feitos novos cálculos, os valores não repassados pela administração ultrapassam R$ 1,2 milhão.

A presidente do Sindmub, Jaqueline Figueiras Barreto, garantiu que desde abril tem tentado convencer a secretária de Educação do Município, Isabel Cristina Nóbrega Cruz, acerca da legalidade do repasse aos profissionais da educação. Segundo a presidente, a secretária se recusa a fazer o repasse sob o argumento de que o município já repassa os percentuais estipulados por lei.

Segundo a dirigente sindical, a secretária Isabel, diz que a administração não tem obrigação de repassar a complementação. Ainda, segundo Jaqueline, foram oito reuniões, além de diversos ofícios, mas nenhum consenso foi construído. “Nas reuniões, a secretária (Isabel) observava que os professores de Barbalha eram os únicos do Brasil a estarem cobrando os valores do município. Mas, na verdade, queremos apenas sensibilizar o prefeito para o repasse do que é direito dos professores,” disse Jaqueline Barreto.

Na única comunicação com a categoria, o prefeito Zé Leite, pediu prazo até o dia 11 de setembro para dar uma resposta. Ele acrescentou, ainda, que independente do percentual só repassaria em dezembro próximo. A assembleia não aceitou esperar pela resposta do prefeito.

Na segunda-feira (08), os professores sentaram com representantes da prefeitura para uma última tentativa de acordo e comunicação do resultado da assembleia. Mais uma vez não houve proposta da administração e os professores cruzaram os braços nesta terça-feira (09).

O prefeito Zé Leite e a secretária de Educação foram procurados para se pronunciar sobre o assunto, mas não foram encontrados em seus locais de trabalho. Foram tentados contatos telefônicos, mas não houve resposta.

Tensão no sindicato

Mesmo com deflagração da greve, a presidente do Sindmub, Jaqueline Filgueiras Barreto, foi acusada por alguns professores de fazer uma articulação contra a greve. Segundo as acusações, a dirigente teria alguns parentes dentro da administração indicados por ela e, por isso, não teria se movimentado para garantir o quórum mínimo para a Assembleia.

Perguntada sobre o assunto, Jaqueline disse que isso não passa de disputa política e que não indicou nenhum cargo comissionado na gestão Zé Leite. Segundo ela, tem vários familiares que exercem funções na prefeitura, mas que, todos são concursados, inclusive ela, hoje, disponibilizada ao sindicato.

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